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Passado Sangrento

Passado Sangrento - Capítulo IV



No capítulo passado: Ela disse-me que eu era perseguido por um vulto das trevas, então insistiu em me hipnotizar para me ajudar a perceber o meu passado. Só assim conseguiria livrar-me do mal que me perseguia há séculos. O que vi diante dos meus olhos foi um horror terrível e inexplicável…

Antônio Albuquerque era um modesto cultivador de uvas na região Minho. Herdara dos seus pais um terreno com alguns hectares para o cultivo de das suas vinhas. Albuquerque era viúvo de Carolina, que falecera ao dar à luz a pequena Maria. Albuquerque vivia com o seu neto, Manuel. Este, ainda jovem, já se mostrara um excelente lavrador, embora passasse a maior parte do tempo a brincar às escondidas com o seu cão, Dingo.

O ano de 1808 tinha principiado, e segundo os agricultores mais experientes, aquele iria ser um ano intrincado para os produtores de vinho. Por um lado, as intempéries dificultariam o cultivo; por outro lado, as invasões francesas tinham deixado os produtores com medo de investir. Quando a crise se agravou, os agricultores que se dedicavam em exclusivo ao cultivo das vinhas, foram obrigados a transformar os seus negócios em domínios feudais, para evitar a ruína e a falência.

Foi neste quadro que António Albuquerque conheceu o Conde Darkmoon – Um poderoso senhor Feudal inglês. O conde era um jovem distinto e excêntrico, proveniente da alta nobreza Inglesa, encarregando-se de dinamizar a atividade mercantil da época: importação de diamantes, provenientes de África, exportação de matéria-prima para a Europa, entre outras menos transparentes. O poderoso Conde apropriou-se dos terrenos dos pequenos e médios proprietários, transformando a região norte do país numa grande propriedade feudal. Os proprietários não tinham alternativa: Ou resistiam ao poder do conde, (o que lhes custava posteriormente, uma pilhagem por parte dos seus bárbaros capitães donatários) ou entregavam as terras a Darkmoon, que lhes garantia trabalho e proteção, através da cobrança do respectivo dízimo. Antênio Albuquerque optou pela segunda opção.

No dia 2 de Março de 1805 veio uma notícia que abalou toda a região. Um acontecimento macabro e sangrento derrubara a família dos Condes: a filha do Conde Darkmoon, a pequena Cintia, de sete anos, fora brutalmente violada e assassinada, numa zona recôndita da Casa onde ele habitava – A casa de Sezim!

Dois meses depois, uma outra criança, desta vez um rapaz de doze anos, filho de um dos agricultores, fora igualmente violado e assassinado. O seu corpo fora encontrado nas margens do rio Tama, alguns dias depois. Inexplicavelmente, os crimes macabros, não tinham fim. Em poucos meses, sete crianças tinham sido monstruosamente violadas e barbaramente espancadas até à morte. Não havia explicação para o que estava a acontecer. O assassino tardava em ser capturado.

Na véspera de Natal de 1808, o Conde Darkmoon dera um grande festim na sua luxuosa casa. Havia um majestoso baile de gala, muita animação, presentes para todos e um deleitante jantar. Uma festa que servia apenas para a grande nobreza ostentar os seus luxos e comparar as suas riquezas. Todos os agricultores do domínio do Conde e suas famílias foram obrigados a servirem no Palácio durante o banquete.

Enquanto a festa decorria, o pequeno Manuel Albuquerque fugira do trabalho duro da cozinha e escondeu-se no meio dos loendros à procura da sua amiga Madalena. Inesperadamente, um pequeno esquilo saltou-lhe à frente e fez-lhe uma graça, como se o cumprimentasse. Atraído pelo simpático animal, decidiu persegui-lo. O bicho penetrou pelo grande jardim que havia nas traseiras do palácio e seguiu em diante, através dum longo e estreito carreiro de arbustos ornamentados. Manuel perseguia velozmente o animal. Ao fim de percorrer aproximadamente cem metros, apercebera-se que estava perdido e que o esquilo desaparecera também. Tentou encontrar o caminho de regresso, mas fora infrutífero, pois o Palácio era rodeado por uma extensa área florestal. Manuel continuou a andar em círculos, até que “algo” o fez parar; parecera-lhe ouvir vozes. Escutara um breve sussurrar que provinha de uma cabana mal iluminada que havia lá ao fundo. O jovem acercou-se da pequena cabana, dando pequenos e comedidos passos para não fazer barulho. Ao abeirar-se de uma das janelas, viu o Conde Darkmoon.

O que ele faz ali?,  pensou.

No interior da cabana, ardiam centenas de velas pretas, que descreviam um pentagrama satânico em redor do Conde, que se detinha todo nu. Ele estava ajoelhado e vociferava palavras estranhas, ora inclinando o corpo para o solo, ora levantado o dorso. Grunhia numa língua que Manuel não percebia.

“Non volo moriture,
Mors ultima ratio.
Cuique suum,
Ex dono,
Sustine et abstina,
Testis unos, testis nullus”.

Ansioso, esticou-se para conseguir ver melhor aquele cenário de horror, e notou que o Conde não estava sozinho lá dentro. Ouvira chorar. Era um choro abafado e aflitivo, mas ainda assim, era um choro.

Olhou para o canto da cabana e as veias gelaram-lhe com o que viu: a pequena Madalena, de 11 anos, estava completamente amarrada junto à parede. Darkmoon preparava-se para a estripar com uma adaga “árabe” longa e pontiaguda. Manuel não conseguira conter-se com o choque e soltou um gemido. O assassino interrompeu o seu cruel movimento e os seus olhos loucos fixaram-se na janela. Notou que estava alguém lá fora. Vestiu uma capa sobre o seu corpo nu e saiu para o exterior.

-Pare de fugir bastardo! Eu te pego! – Resmungou num tom ”sem-vida”, mas mortalmente ameaçador.

Manuel correu a toda a velocidade. Não sabia em que direção fugia. O maldito Conde perseguia-o, mas não teria chances pois ele vinha a cavalo. Ouvia o resfolgar do animal e uma intensa galopada no seu encalço. A imagem da pequena Madalena não lhe saía da cabeça. Estaria viva, ainda?, pensava cheio de pena e sem fôlego. Quando por fim, as suas pernas se recusaram a correr mais, caiu no chão, completamente esgotado e vencido pelo cansaço. Não conseguia controlar a sua respiração, nem dominar o medo. Voltou a levantar-se e tentou correr novamente.

Dera três passos e sentiu os seus pés a levantarem-se do chão. Um braço forte, tinha-o agarrado com bastante força. Olhou para cima e, ao ver o corpo enorme de um adulto, começou desesperadamente aos pontapés.

-Fique calmo Manuel! Por onde andou? Já percorremos tudo à tua procura! – Bradou Antônio, tentando acalmar o seu neto.

-Vô! – Gritou em desespero – Temos de fugir daqui!

-O que se passa? Por onde tens andado, garoto? 

Manuel contara ao avô, tudo a que assistira no meio do bosque. Avisou-os de que o medonho conde o perseguia para o matar, tal como tinha feito com as outras crianças.

Antênio regressou para sua casa naquela noite. Ele sabia que o conde Darkmoon ia aparecer. Ele era o assassino, era um monstro. Matara oito crianças inocentes, incluindo a sua própria filha. Violava e matava-as no bosque que se estendia para lá da sua casa. Por isso, nunca fora apanhado. Agora, havia uma pessoa que podia identificar o assassino: o inocente Manuel.