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Cinco Passos

Cinco Passos - Capítulo VIII

-Cara, o que você tá fazendo?! - Falei.

-Não sei, acordei meio sonolento e com muita fome... ou sede? Aí senti um cheiro bom vindo da geladeira, e quando abri vi esse pacote de carne...

-Isso tá no ponto de cru. O que aconteceu naquele quarto? Como meu pai estava? Quem apareceu?

-Mano, você faz pergunta demais. - Falou Lucas. Como se eu não quisesse resposta.

-Faz o seguinte: se lava, limpa essa sujeira e depois me conta o que aconteceu. Vou lá em cima ver se minha mãe está bem, volto já.

Dizendo isso, deixei-o sozinho e me dirigi ao segundo andar. A casa estava com um ar pesado. Parecia que ela estava se fechando ao meu redor. A sensação era que algo emanava da casa, uma energia, uma presença. O cheiro do lugar era de trancado. Não é pra menos, a modesta casa de madeira e tijolos tinha 200 anos. O que teria acontecido em dois séculos inteiros dentro daquela casa?

Assim que chego ao andar de cima, reparo que as portas dos três quartos estão trancadas, menos a do quarto da minha mãe. Andando pelo corredor, noto uma coisa que não havia notado antes: um grande quadro pintado a óleo pendurado na parede. Nele, estava pintado um homem sério, com a barba rala e os olhos perdidos no horizonte. Não havia assinatura na fronte do quadro, muito menos qualquer menção ao artista ou ao nome da obra. Ao lado do quadro, uma porta mais clara que as outras, com uma tranca diferente de todas as outras e que provavelmente levava ao sótão.

Após andar alguns passos, chego ao quarto de minha mãe e ouço um choro fraco vindo dele. Assim que abro a porta, vejo Bianca deitada na cama ainda inconsciente e minha mãe em frente a penteadeira de mogno escuro com as mãos na cara e chorando.

-Mãe?

-Oi...

-Ah minha mãe, não se preocupe. Vamos achar o papai.

-Julio, não queria que nada disso estivesse acontecendo. Me perdoe por tudo isso! - Minha mãe pedindo perdão? Há algo errado.

-Não precisa pedir perdão, mãe. Isso tudo vai passar, não é culpa sua...

Em meio a tanto choro, minha mãe levanta e me dá um abraço. Retribuo com mais intensidade.

-Bom, fique aqui tomando conta de Bianca. Vou descer e fazer algo para nós comermos. Não há mais nada a se fazer hoje...

-Está bem...

Assim que terminou de falar, ela saiu do quarto e desceu as escadas. Bianca está se remexendo na cama.

-Bia? - Me aproximo e me sento ao lado dela.

-Julio... o que aconteceu? - Finalmente ela acordou.

-Não sei também. Quando cheguei em casa, depois de ir procurar minha mãe, encontramos você e o Lucas no quarto do meu pai.

-Sim, estou começando a me lembrar. Eu e o Lucas fomos ver como seu pai estava depois que ele ficou estranho, e então...

-Então?

-Não sei, tudo ficou negro de repente. Só me lembro de uma nuvem de fumaça no quarto e uns desenhos loucos no chão. E agora estou aqui.

-Isso tá cada vez mais estranho...

Me levanto da cama e ando pelo quarto até me deparar com um grande espelho de chão. Era feito de mogno escuro, tal qual a penteadeira, e seu reflexo estava manchado pelas marcas de poeira e a falta de uso. Começo a olhar para o espelho. Há algo nele de misterioso...

Eis que então, fascinado pelo espelho, vejo algo se formando em meu reflexo. Aos poucos minha imagem desaparece, e outra forma surge. Um homem velho com a barba rala e cara carrancuda aparece no espelho. Ele se aproxima de mim e estende a mão, se projetando para fora do espelho.

-Vão embora... vão... embora...

-AAAAAAAAAAAAAA!

Caio no chão e a assombração desaparece.

-Bianca, você viu aquilo?!

-Claro que vi! Cruzes, vamos sair daqui!

-Não, espera. - Falei, surpreso com minha própria resposta.

-Como assim espera? Quer ficar e descobrir de onde veio aquela coisa?

-Tem algo de errado nesse espelho...

-Claro que tem! Um fantasma dentro dele!

-Não seja boba. Anda, me ajuda a virar ele.

Pegamos o espelho e o viramos para a esquerda. Há algo escrito atrás dele.

-Pronto, podemos ir? - Falou Bianca impacientemente.

-Não. Tem algo escrito aqui.

-O que é?

-"Foi bom, mas não durará. Se morreres, ao dono voltará. Eternamente gravado, o segredo está ao seu lado. Nas raízes de uma cerejeira se encontra a chave da Oliveira. Novembro de 1821." - Falei, lendo com dificuldade a inscrição atrás do espelho.

-O que significa? - Perguntou Bianca.

-Não sei, mas me parece muito familiar. Se não me engano, 1821 foi o ano que Antônio Machado fundou a cidade. Mas o resto não faço nem ideia.

-Será que o Lucas sabe de algo?

-Merda, deixei o Lucas lá em baixo! - Minha mãe deve ter visto toda aquela bagunça!

-E o que tem?

-História longa demais para explicar. Vamos, temos que ir pra baixo!

Descemos as escadas correndo, e ao entrarmos na cozinha vejo minha mãe arrumando a mesa para o jantar. Estava tudo limpo.

-Vocês estão bem? Ouvi um grito, mas imaginei ser Bianca tendo outro pesadelo. - Falou minha mãe.

-Na verdade nós...

-Nós estamos muito bem, mãe. - Falei, olhando para Bianca com um ar de cautela. Minha mãe não pode saber de nada.

-Ah, que bom, que bom... vão querer jantar?

-Er... claro dona Carmen, quero sim.

-Ótimo! Conseguiu lembrar de algo, Bianca? - Perguntou minha mãe, como quem não quer nada.

-Na verdade não muito...

-Bom, aos poucos você vai se lembrando. Sentem-se, o macarrão vai ficar pronto em poucos minutos.

Sentamos à mesa, e enquanto minha mãe foi terminar a janta, continuei falando com Bianca.

-Bia, você se lembra de ter visto alguma criatura? Algo como uma criatura com um manto negro...

-Na verdade, lembro sim. Mas não eram criaturas, nem nenhuma com manto negro, pareciam mais pessoas. A única coisa que diferenciava era seus caninos grandes...

-Um minuto. Você viu mais de uma? - Será que...

-Sim, eram três pessoas. Usavam uma roupa preta igual desses metaleiros, e pareciam que tinham acabado de vir de um cemitério.

Não pode ser. Esta cidade não pode ser tão normal quanto dizem.